Em fevereiro de 2025, em relação à geração de emprego, o mercado de trabalho formal do município de Videira registrou um saldo positivo de 335 empregos. O setor industrial foi o principal impulsionador desse avanço, com um saldo positivo de 181 vagas, seguido pelo setor de serviços, que contribuiu com 101 novos empregos. A agropecuária também apresentou desempenho positivo, adicionando 46 vagas, enquanto o comércio registrou um saldo modesto de 12 postos. Em contrapartida, a construção civil teve um desempenho negativo, com a perda de cinco empregos. No acumulado do ano, Videira já criou 823 novas vagas formais. As informações de geração de emprego são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED).
Análise da geração de emprego em Videira
O cientista político, Caleb Bentes Dias, explica fatores que interferem na geração de emprego. “É inquestionável a participação que o agro e a indústria têm na economia local. Por serem setores bem desenvolvidos e com alta taxa de competitividade é natural um grau de dependência do mercado internacional, fator que, diante da atual instabilidade geopolítica, pode representar riscos e oportunidades. A chamada interdependência complexa faz com que as movimentações políticas e comerciais das grandes potências impactem diretamente a econômica local. A imposição de tarifas sobre os produtos brasileiros faz com que o comércio internacional entre ainda mais em uma dinâmica de desconfiança e protecionismo, que afeta o fluxo de exportações e encarece insumos essenciais para a indústria ”.
Ele cita ainda que a criação de barreiras comerciais pelos Estados Unidos tem como objetivo último reduzir a competitividade de produtos estrangeiros no mercado americano, beneficiando a produção interna do país. “Para nós, de Videira, pode significar dificuldades na exportação de produtos industriais e agrícolas para os EUA, ao mesmo tempo em que abre novas possibilidades de negócios com mercados que passam a se distanciar da influência norte-americana, como a China, a União Europeia, Índia e outros países não tradicionais. Esse realinhamento comercial pode ser aproveitado pela indústria local para expandir suas parcerias e acessar novos consumidores, aproveitando a volatilidade cambial, desde que haja planejamento e adaptação às exigências desses mercados”, destaca.
Ainda segundo ele, no curto prazo, a indústria videirense pode sofrer impactos negativos, especialmente devido à elevação do custo de insumos importados e à retração de certos mercados tradicionais. “No entanto, a previsibilidade e a confiança que o município pode oferecer a seus parceiros comerciais tornam-se fatores importantes para o exercício da paradiplomacia/diplomacia corporativa. Empresas que buscarem diversificar suas fontes de matéria-prima e investirem em inovação e diferenciação de produtos poderão se posicionar de forma competitiva nesse novo cenário”, acrescenta.
Para Caleb, o agronegócio, por sua vez, pode enfrentar desafios com a instabilidade do comércio internacional, mas também poderá se beneficiar do fortalecimento das relações comerciais com países que buscam alternativas ao mercado norte-americano. “A crescente demanda por alimentos de qualidade e commodities agrícolas em mercados asiáticos e europeus pode abrir novas frentes de exportação para os produtores locais, desde que se adaptem às regulamentações e padrões exigidos por esses mercados. A modernização do setor, aliada a uma estratégia de diferenciação e agregação de valor aos produtos agroindustriais, será de grande importância para garantir competitividade e espaço em novos mercados”.
O cientista político reforça ainda que é importante que diante da nova dinâmica internacional, as empresas do município antecipem aos movimentos geopolíticos adotando estratégias que garantam maior capacidade de movimentação no mercado internacional e mitigação de riscos localmente. “A diversificação de mercados aliada a um planejamento estratégico e acompanhamento das movimentações geopolíticas internacionais e nacional é de extrema valia para não apenas se proteger das oscilações do comércio global, mas também se destacar em um ambiente de incertezas”, finaliza.
